Tendências & Dicas

A economia circular deixou de ser escolha: é estratégia de sobrevivência e crescimento

Por décadas, a economia global foi impulsionada por um sistema linear — extrair, produzir, consumir e descartar —, sustentado pela abundância de recursos naturais e pela lógica da produção em massa. Esse modelo, que gerou prosperidade desde a Revolução Industrial, hoje revela suas fragilidades diante da escassez de matérias-primas, do aumento dos custos energéticos e das novas exigências regulatórias e de mercado. Em um ambiente em que sustentabilidade e desempenho financeiro se entrelaçam, a economia circular deixou de ser um ideal ambiental e tornou-se uma estratégia de negócios.

Segundo relatório da Zion Market Research, o mercado global de economia circular deve ultrapassar US$ 2,2 trilhões até 2034, contra os US$ 638 bilhões estimados em 2024. A transição para modelos que priorizam reuso, remanufatura e reaproveitamento de materiais abre espaço para ganhos de eficiência e inovação em toda a cadeia industrial — da extração ao descarte.

Eficiência, valor e resiliência industrial

Adotar práticas circulares significa reduzir dependência de matérias-primas virgens e criar cadeias de suprimentos mais seguras e rentáveis. No caso do alumínio, por exemplo, o reaproveitamento de sucata reduz o consumo de energia e as emissões em até 95% em relação à produção a partir do metal primário. Em um cenário global de descarbonização e volatilidade logística, essa vantagem operacional se traduz em competitividade e estabilidade de custos.

Além disso, a economia circular estimula a colaboração entre indústrias recicladoras, fabricantes e operadores de logística reversa, criando um ecossistema de valor compartilhado. Segundo a OIT, a expansão dessa nova economia pode gerar até 8 milhões de empregos no mundo até 2030, ao mesmo tempo em que fortalece a coleta seletiva e a formalização do trabalho de catadores.

Design e tecnologia: o novo DNA da produção

A circularidade começa na engenharia do produto. Projetar bens com componentes modulares, recicláveis e de fácil desmontagem é essencial para garantir a reinserção eficiente dos materiais na cadeia produtiva. Paralelamente, tecnologias de separação inteligente e rastreabilidade de insumos — baseadas em dados, IA e sensores — tornam a triagem e o reaproveitamento cada vez mais precisos, viabilizando modelos industriais de alto desempenho.

No segmento de eletrônicos, ITAD e trade-in, a aplicação desses princípios permite transformar descarte em ativo. Equipamentos de informática e dispositivos móveis recondicionados têm ciclo de vida ampliado, menor custo de produção e maior margem de recompra, criando valor tanto para fabricantes quanto para prestadores de serviço.

O futuro é circular — e lucrativo

Com a COP30 aproximando-se, o Brasil tem a chance de liderar a transição industrial rumo à circularidade. A cadeia de reciclagem do alumínio já é referência global e prova que o modelo é economicamente viável. Agora, o desafio é estender essa lógica para outros setores — da eletrônica à mobilidade — e integrar circularidade ao core business das empresas.

Para os líderes que ainda enxergam sustentabilidade como custo, o recado é direto: o risco maior é não mudar. A economia circular é a base da nova competitividade global. Iniciar essa jornada, mesmo em pequena escala, é um passo essencial para construir empresas mais resilientes, inovadoras e lucrativas.

Fonte original: Portal Novelis / Artigo de Roberta Soares, presidente da Novelis América do Sul

Summit Agenda SP+Verde adota compensação de carbono e operação Lixo Zero em evento no Parque Villa-Lobos

Previous article

Câmara aprova Política Nacional de Economia Circular e reforça transição sustentável antes da COP30

Next article