O Brasil ocupa hoje a segunda posição entre os países das Américas em geração de resíduos eletrônicos (REEE) — e a quinta no mundo, com um volume anual superior a 2,4 milhões de toneladas. Esses dados, inéditos, fazem parte do Projeto RECUPERE, conduzido pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), que mapeou as rotas de circularidade e os gargalos do ecossistema de gestão de resíduos eletroeletrônicos no país.
Os resultados serão apresentados no VII Seminário Internacional de Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (SIREE), realizado de 14 a 16 de outubro, no Rio de Janeiro, reunindo fabricantes, recicladoras, startups, órgãos reguladores e representantes de ministérios como MCTI, MME e MDIC. O evento se propõe a discutir estratégias de economia circular para a recuperação de minerais críticos e estratégicos — uma agenda diretamente ligada à indústria 4.0, gestão de ativos de TI e recondicionamento eletrônico.
Segundo o levantamento, o país já conta com mais de 900 organizações ativas na cadeia de valor do e-waste, entre empresas de manufatura reversa, plataformas digitais, cooperativas e centros de consolidação pós-consumo. Foram identificados 16 tipos de organizações distribuídas em 8 modelos de negócio, incluindo serviços de remanufatura, reciclagem de componentes e recuperação de metais de alto valor, como ouro, prata, platina e paládio.
“Temos tecnologia, processos e capacidade industrial para recuperar valor do resíduo eletrônico. O desafio agora é integrar os elos da cadeia e transformar o potencial técnico em retorno econômico”, afirma Lúcia Helena Xavier, pesquisadora do CETEM e líder do grupo REMINARE.
Entre os principais gargalos regulatórios e estruturais identificados pelo projeto, destacam-se:
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Atuação fragmentada dos órgãos ambientais, com ausência de padronização nacional nas orientações sobre descarte e destinação de resíduos;
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Baixa presença de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) e deficiências na localização e sinalização desses pontos;
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Falta de indicadores de circularidade claros para empresas já maduras em recuperação de valor e remanufatura.
Para enfrentar esses desafios, o CETEM desenvolveu o Sis-RECUPERE, sistema digital que permite geolocalizar e mapear empresas e organizações do setor, oferecendo dados estratégicos para tomadores de decisão e investidores.
A pesquisa também reforça que a mineração urbana — processo de extração de metais e materiais valiosos a partir de resíduos tecnológicos — representa uma das principais oportunidades industriais do país. Além de reduzir a dependência de importação de minerais críticos, essa prática pode gerar novos fluxos de receita e verticalização produtiva para fabricantes, operadores de ITAD, recicladoras especializadas e empresas de outsourcing de ativos tecnológicos.
O VII SIREE contará ainda com participações internacionais da UNITAR (Alemanha), ITU (Suíça) e Serviço Geológico Britânico, reforçando o interesse global no papel do Brasil como polo emergente da economia circular e da recuperação tecnológica.
📎 Fonte original: Chris Coelho – Comunicação e Assessoria de Imprensa, 13 de outubro de 2025.
https://www.gov.br/mcti/pt-br/noticias/brasil-e-o-segundo-pais-em-geracao-de-residuos-eletronicos-nas-americas

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