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Celulares usados disparam de preço e viram novo ativo no mercado tech

Nos últimos anos, comprar um celular usado deixou de ser apenas uma alternativa econômica para se tornar uma decisão estratégica — tanto para o consumidor quanto para quem atua no mercado de recompra e recondicionamento. O aumento expressivo dos preços de modelos seminovos reflete uma mudança profunda no comportamento do setor de eletrônicos e na percepção de valor dos aparelhos.

O primeiro fator é o encarecimento dos smartphones novos. Com lançamentos que chegam a custar mais de R$ 18 mil, o público passou a ver nos aparelhos de segunda mão uma forma de acessar tecnologia premium sem comprometer o orçamento. Esse movimento ampliou a procura e, consequentemente, elevou os preços médios dos usados.

Outro ponto relevante é a redução do ritmo de inovação. As diferenças entre gerações sucessivas de smartphones são cada vez menores, o que mantém modelos de dois ou três anos atrás em plena competitividade. Essa estabilidade tecnológica faz com que aparelhos mais antigos permaneçam atrativos por mais tempo, sustentando o valor de revenda.

A evolução na qualidade construtiva também influencia diretamente. Materiais de alto desempenho — como alumínio aeroespacial, titânio e vidros reforçados — aumentaram a durabilidade dos dispositivos. Com menor desgaste físico, eles chegam ao mercado secundário em melhores condições, permitindo margens mais altas para quem revende.

Além da resistência física, o suporte estendido de software tornou-se um dos maiores motores da valorização. Fabricantes como Apple e Samsung agora garantem até sete anos de atualizações de sistema e segurança, ampliando o ciclo de vida útil dos produtos e reduzindo o temor de obsolescência precoce.

Somam-se a isso fatores externos: a escassez global de componentes eletrônicos durante a pandemia, o aumento dos custos logísticos e a volatilidade cambial elevaram o preço dos novos aparelhos, deslocando parte da demanda para o mercado de reuso.

Por fim, a expansão dos programas de trade-in e das empresas especializadas em recondicionamento consolidou um novo patamar de preços. Ao oferecer garantia, revisão técnica e certificação de qualidade, essas operações transformaram o segmento em um negócio formalizado e confiável — mais próximo da lógica de um “produto renovado” do que de um simples item de segunda mão.

Para o consumidor, o resultado é um mercado de usados mais caro, mas também mais seguro. Para o setor, representa uma nova fronteira de rentabilidade, impulsionada por tecnologia, circularidade e pela busca de valor em cada etapa do ciclo de vida dos eletrônicos.

Fonte: https://canaltech.com.br/smartphone/por-que-celular-usado-ficou-tao-caro-de-repente/

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